terça-feira, 25 de maio de 2010

O SABER E O SABER-FAZER



Uma notícia publicada no jornal Público do passado dia 23 anunciava que os académicos e investigadores nacionais são responsáveis pela publicação anual de mais de 7000 “artigos científicos com significado internacional”. São mais de 20 por dia, segundo o discurso do Ministro para a Ciência e Tecnologia, Mariano Gago, na III Gala da Ciência, na Figueira da Foz. De acordo com este Ministro, a este facto corresponde o maior crescimento de literatura científica verificado na Europa, na última década. Um feito que só nos deve deixar orgulhosos da nossa comunidade académica.

Não é, no entanto, suficiente. O “saber não ocupa lugar”, lá diz o adágio popular. Ou seja, nunca enche o cérebro… e já agora, também dificilmente encherá a barriga, sobretudo se não for complementado com a capacidade empreendedora de gerar riqueza. Se são visíveis os resultados de uma aposta na investigação científica, é necessário incentivar uma aproximação entre essa comunidade e a comunidade empresarial e financeira. E essa não é só uma responsabilidade dos governos. É, prioritariamente, uma responsabilidade das próprias universidades, a que as empresas devem corresponder com a necessária abertura para perceber as oportunidades que se podem gerar nessa relação. Se a academia “sabe”, as empresas “sabem-fazer”, e cada um destes conhecimentos não é valido sem o outro.

Sou da opinião de que todo o investimento que possa ser feito na educação é um normalmente bom investimento, embora quase sempre um investimento cujo retorno só é visível no longo prazo. Há no entanto excepções: Há alguns dias fui confrontado com uma solução tecnológica que me foi apresentada por um aluno da Universidade do Minho, devidamente apoiado pelo seu professor. Sem eu saber exactamente ao que vinha, apresentou-me uma solução tecnológica comparável a uma outra apresentada há alguns meses por uma multinacional estrangeira. Uma nuance: a uma fracção do custo, e com a possibilidade de desenvolver a aplicação de base à nossa medida, já que seriamos os parceiros no arranque da mesma. A decisão ainda não foi tomada, mas tenho fé em como possa nascer desta ligação uma relação de benefício mútuo, capaz de gerar a energia positiva de que ambos necessitamos!

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