segunda-feira, 28 de junho de 2010

SEJA FELIZ, FAÇA ALGUÉM FELIZ, NEM QUE SEJA PARTILHANDO UMA COLA!!!!...


O denominador comum a todos os Pais é o querer o melhor para os seus filhos, certo? Uns mais liberais, outros mais conservadores… Todos sonhamos para eles futuros risonhos, pleno emprego, amor incondicional, saúde de ferro, tudo devidamente condimentado com uma educação irrepreensível, daquela que gera inveja aos Pais dos amiguinhos, e que os faz serem usados como exemplo. Está montado um belo cenário!

Esta inspirada introdução vem a propósito de uma decisão difícil que tive de tomar, como Pai, há alguns meses atrás. Um dos meus filhos recebeu de presente o jogo de Playstation “Grand Theft Auto”. Ficou radiante, pois era um dos jogos da moda, e todos os seus colegas de escola o tinham. Menos radiante fiquei eu, quando vi que se tratava de um jogo extremamente duro, apologista de uma violência gratuita e sem sentido. Para quem não conhece, digamos que se trata de compêndio de maus comportamentos. O jogador controla a personagem delinquente, cujo fim último na vida é roubar carros, atropelar velhinhas, “apagar” polícias e delinquentes concorrentes, maltratar prostitutas e roubar doces a crianças. Tudo condimentado com generosas doses de violência, sangue, “uis” e “ais”… Escusado será dizer que o jogo em questão está agora muito bem arrumadinho no meio das minhas coisas. Escusado será também dizer que o meu filho não apreciou nada a ideia de ver o seu jogo devidamente subtraído e arrumado em lugar inacessível (não que eu tenha algum receio de que ele o fosse buscar, caso tivesse ficado em lugar acessível, mas nestes casos é escusado fazer sofrer ainda mais o pequeno. Olhos que não vêm…).

Querer o melhor para os meus filhos, significa saber dizer não, de quando em vez. Naturalmente que contextualizando e justificando porque não… Quero que eles tenham as bases para se poderem desenvolver como homens bons e justos, e, simplesmente, aquele tipo de violência gratuita não lhes pode ser benéfico de forma alguma. Entendo que é necessário exteriorizar alguma violência, mas para isso haverá seguramente outras brincadeiras melhores… Na minha infância brincávamos aos “Policias e Ladrões”, fazíamos assaltos de infantaria entre a sala e o quarto, armados de perigosíssimos cabos de vassoura e colheres de pau. Em alturas melhores, já usávamos umas réplicas de pistolas em plástico, mais ou menos decentes. Hoje, os miúdos têm actividades extra-curriculares de artes marciais e outros desportos, e os eternos “Polícias e Ladrões”…

Este episódio veio-me à memoria quando alguém teve a amabilidade de me enviar por email o link para um filme publicitário da Coca-Cola (bebida que detesto e não aconselho a ninguém, especialmente crianças, mas que dá cartas nos meios publicitários), inspirado precisamente nesse jogo de computador. Uma versão simpática, e carregada de energia (positiva), que convosco partilho.

http://www.cartoonland.de/archiv/gta-coca-cola-werbespot/

segunda-feira, 7 de junho de 2010

A volta do Sebastianismo


A última sondagem sobre intenções de voto realizada pela Marktest dá um PSD muito próximo da maioria absoluta. Coligado com o CDS-PP, seria seguramente maioritário. Quando apenas há alguns meses o PS venceu as eleições legislativas, depois de 4 anos de governação em maioria absoluta, sinto que há a necessidade de fazer alguma reflexão sobre estes factos. O que pode justificar uma mudança tão radicalmente… absoluta?

Uma conjugação de factores justifica estes resultados. A insatisfação com a governação de José Sócrates, associada à lufada de ar fresco na liderança emergente de Passos Coelho, tudo devidamente contextualizado pelo cenário de crise financeira e económica em que estamos, como se torna evidente pelo comportamento de Maio dos índices de confiança do consumidor (baixaram para níveis de Junho de 2009 em apenas 1 mês).

Até aqui, um cenário normal de ciclos políticos associados aos ciclos económicos. O que me perturba, no entanto, é a amplitude dos resultados num tão curto espaço de tempo.
Estaremos perante um novo caso de Sebastianismo? A forma tradicionalmente lusa do Messianismo?

…E quando na desgraça, viramos os olhos aos céus, buscando um novo Messias…

Somos Homens de pouca fé. Em nós próprios, para começar. Buscamos a salvação num sistema desenhado para proteger a incompetência e na incompetência gerada no seio do sistema. Ou, provavelmente, o sistema tornou-se, ele próprio incompetente. Confesso que sempre tive dificuldade em entender como alguém que não tem curriculum técnico, civíl, político ou seja de que espécie for, consegue receber a confiança da maioria da população para guiar os seus destinos. Ou será que o próprio conceito de curriculum sofreu uma desvalorização nesta geração?

Não precisamos de “messias-de-pés-de-barro”. Precisamos de um povo informado e educado para compreender a amplitude das suas opções. Precisamos de encontrar dentro de nós a energia positiva necessária para sermos competentes, profissionais, dedicados, nos nossos empregos, nas nossas famílias, nas comunidades em que estamos. Para não darmos mais importância ao sistema, do que a que ele efectivamente merece. Mas sobretudo para não corrermos o risco de colocar os nossos destinos em mãos incompetentes.