quinta-feira, 20 de maio de 2010

FADO, FUTEBOL E FÁTIMA

Este título remete para um Portugal que já não existe, segundo creio. E do qual tampouco me recordo. Porém, ao analisar o passado muito recente, constato que vi um país em ebulição com a vitória do Benfica e com a visita de Sua Santidade, o Papa Bento XVI.

Se há algo que a democracia nos ensinou, é o poder da maioria, e convenhamos, a maioria dos Portugueses entusiastas da bola é do Benfica (o clube alega 6 milhões de simpatizantes, segundo uma qualquer sondagem que não verifiquei). Por outro lado, a maioria dos Portugueses crentes é Católica. Logo, o impacto da energia positiva decorrente destes dois factos foi um excelente acto de gestão: maximização dos efeitos! Fosse o F.C.Porto o vencedor, e já o impacto seria muito menor, não só porque a base de simpatizantes é menor, como já não seria novidade… Fosse uma visita do Dalai Lama, e, por muito simpático que Sua Santidade Tenzig Gyatzo nos seja, a energia positiva libertada pela sua vinda seria seguramente menor. Recordo, aliás, que Sua Santidade já nos concedeu o privilégio da sua visita, salvo erro em 2007.

Então, e como encaixo eu o “fado” no meio de tudo isto? Poderia remeter para o novo disco dos “Deolinda”, que não tive ainda o prazer de ouvir, mas que, a ser como o primeiro, será extraordinário, no mínimo… Mas não, não vou por aí. O Fado é intrínseco a ser Português. Tão tuga como a sardinha assada ou um GNR ter bigode. Corre-nos no sangue. Sai pelos poros quando nos lamentamos dos impostos (ups!!!… tinha prometido evitar estes temas), dos políticos, dos patrões, dos empregados, dos vizinhos, do canário, do…

O fado é normalmente triste, assim como o é a nossa incapacidade de perceber as inúmeras oportunidades que se escondem nessas supostas desgraças. O problema é que nós, os Portugueses, gastamos tanta energia a cantar o fado, que pouca nos sobra para empreender. Somos naturalmente chorões e pouco empreendedores, e não me refiro apenas ao sector empresarial! Somos naturalmente chorões e preguiçosos. Por isso é que eu vejo esta crise como uma oportunidade. Vamos ser forçados a ser melhores. Vamos ter todas as razões para cantar o fado, mas estaremos tão cansados a empreender o nosso futuro que não vamos ter energias para o fazer. É essa a vantagem das crises: liberta o que de melhor há em nós. Esta crise, como em tudo na vida, não durará para sempre, por isso, não vale a pena cantar o fado do coitadinho, mas concentrar as energias no que é realmente importante: empreender, criar, produzir, fazer, e fazer acontecer.

Esta crise vem carregadinha de energia positiva!

1 comentário:

  1. Parabéns pelo blog Rafa é sempre bom ler um blog bem escrito como o teu.
    Mas por outro lado não posso concordar contigo numa coisa! O Sporting é que é o clube com mais energia positiva, conheces algum adepto que mais vezes diga “para o ano é que?”
    Entretanto, como tu, espero fados mais alegres.

    Novo fado alegre
    Ary dos Santos / Fernando Tordo
    Repertório de Carlos do Carmo

    Amigo... abre também a tua voz e vem comigo
    Não cantaremos nunca mais o fado antigo
    Agora... em cada verso há um homem que não chora
    E o futuro é o sítio onde se mora

    Cantar é ser um pássaro de esperança
    Poisado no olhar duma criança
    Que de olhar nunca se cansa

    Amigo... vou-te dizer palavras loiras como o trigo
    Hoje cantar é aprender a estar contigo
    Agora... cada palavra tem o gosto duma amora
    Que a gente apanha e morde pela vida fora

    Cantar é ter um sol dentro da voz
    E repartir o sol por todos nós
    Cantar é não estarmos sós

    Amigo... vou-te bater com as palavras ao postigo
    Escuta o sentido das noticias que te digo
    Agora... cada canção terá a força duma aurora
    Que a gente acende e leva pela vida fora

    Cantar é ser um pássaro de esperança
    Poisado no olhar duma criança
    Que de olhar nunca se cansa

    Amigo... não tenhas medo do cansaço ou do castigo
    A nossa voz dá-nos calor, dá-nos abrigo
    A hora... é de mandarmos a saudade e o choro embora
    E noutro fado desgarrarmos vida fora

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