segunda-feira, 7 de junho de 2010

A volta do Sebastianismo


A última sondagem sobre intenções de voto realizada pela Marktest dá um PSD muito próximo da maioria absoluta. Coligado com o CDS-PP, seria seguramente maioritário. Quando apenas há alguns meses o PS venceu as eleições legislativas, depois de 4 anos de governação em maioria absoluta, sinto que há a necessidade de fazer alguma reflexão sobre estes factos. O que pode justificar uma mudança tão radicalmente… absoluta?

Uma conjugação de factores justifica estes resultados. A insatisfação com a governação de José Sócrates, associada à lufada de ar fresco na liderança emergente de Passos Coelho, tudo devidamente contextualizado pelo cenário de crise financeira e económica em que estamos, como se torna evidente pelo comportamento de Maio dos índices de confiança do consumidor (baixaram para níveis de Junho de 2009 em apenas 1 mês).

Até aqui, um cenário normal de ciclos políticos associados aos ciclos económicos. O que me perturba, no entanto, é a amplitude dos resultados num tão curto espaço de tempo.
Estaremos perante um novo caso de Sebastianismo? A forma tradicionalmente lusa do Messianismo?

…E quando na desgraça, viramos os olhos aos céus, buscando um novo Messias…

Somos Homens de pouca fé. Em nós próprios, para começar. Buscamos a salvação num sistema desenhado para proteger a incompetência e na incompetência gerada no seio do sistema. Ou, provavelmente, o sistema tornou-se, ele próprio incompetente. Confesso que sempre tive dificuldade em entender como alguém que não tem curriculum técnico, civíl, político ou seja de que espécie for, consegue receber a confiança da maioria da população para guiar os seus destinos. Ou será que o próprio conceito de curriculum sofreu uma desvalorização nesta geração?

Não precisamos de “messias-de-pés-de-barro”. Precisamos de um povo informado e educado para compreender a amplitude das suas opções. Precisamos de encontrar dentro de nós a energia positiva necessária para sermos competentes, profissionais, dedicados, nos nossos empregos, nas nossas famílias, nas comunidades em que estamos. Para não darmos mais importância ao sistema, do que a que ele efectivamente merece. Mas sobretudo para não corrermos o risco de colocar os nossos destinos em mãos incompetentes.

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